Um palhaço no meio da multidão. Raimundo Ramos do Santos, mesmo caracterizado concluiu o percurso de 21 km em pouco mais de duas horas. Foto: Marcos Labanca

Entre junho de 2019 e março de 2022 foram quase três anos de espera para o aguardado reencontro entre os apaixonados pelas corridas de rua e a Meia Maratona das Cataratas. Entre amadores e profissionais, a prova reuniu, neste domingo (20), mais de quatro mil inscritos no Parque Nacional do Iguaçu.

Ainda era noite quando os primeiros participantes começaram a chegar ao Centro de Visitantes para embarcar nos ônibus que os levariam à linha da largada, perto do Restaurante Porto Canoas. Mais do que um número de peito, eles carregavam histórias, promessas e muita determinação para concluir o percurso escolhido, fosse o de 21km ou o de 8km.

Geraldo Francisco Filho, líder da equipe Piás do Asfalto, de Foz do Iguaçu (PR), comentou que esse momento de reclusão não foi fácil. “Já praticamos corridas de rua há mais de dez anos, então foi muito triste ficar sem competir esse tipo de prova. Mesmo assim, treinamos em separado para manter o condicionamento físico”, disse.

Geraldo Francisco Filho, líder da equipe Piás do Asfalto, de Foz do Iguaçu (PR): “Não foi fácil ficar sem participar das corridas de rua”. Foto: Marcos Labanca

O grande dia começou com muita emoção no momento da entrada de João Victor Stanga, de São Miguel do Oeste (SC), na pista. Ele tem paralisia cerebral e foi empurrado em um triciclo ao longo de 21km pelo amigo da família Jean Carlos Piccinini. A cena foi aplaudida por todos e marcou o início oficial da Meia das Cataratas. O pai do garoto, Claudinei Stanga, afirmou que “essa foi uma forma de inclusão encontrada para mostrar coisas que por si só ele não conseguiria fazer”.

João Victor Stanga, de São Miguel do Oeste (SC), tem paralisia cerebral e foi empurrado em um triciclo ao longo de 21km. Foto: Marcos Labanca

E se antes da prova o clima era de tensão, a cada participante que cruzava a linha de chegada uma verdadeira explosão de sentimentos vinha à tona. Uma mistura de alegria, alívio e emoção. Ao concluir os 8km, Katiuscia Betineli, de Coronel Vivida (PR), não segurou as lágrimas. “É a primeira vez que participo e não tenho palavras para descrever o sentimento que é conseguir terminar esse percurso, que é maravilhoso”, celebrou.

Ao concluir os 8km, Katiuscia Betineli, de Coronel Vivida (PR), não segurou as lágrimas. Foto: Marcos Labanca

Quem também participou pela primeira vez foi o assistente de Marketing e Produtos Victor Hugo Garcia, de Foz do Iguaçu (PR), que se preparou correndo três vezes por semana no percurso do trabalho para casa. “É uma sensação muito boa participar. Todos motivam e comemoram junto com você”, pontuou.

Victor Hugo Garcia, de Foz do Iguaçu (PR): “É uma sensação muito boa participar. Todos motivam e comemoram junto com você”. Foto: Marcos Labanca

Continuando uma história de superação, Marilis Mariotto Donato, 65, de Campo Grande (MS), foi além de suas próprias expectativas. A prova já tinha um gosto especial para comemorar a vida após ser curada de um câncer que acomete um tipo de célula da medula óssea. Na 13a Meia das Cataratas, a 12a edição em que participou, ela conseguiu concluir o percurso de 21km e foi a grande vencedora na categoria de 65 a 69 anos, com o tempo de 2h3min48s.

Casal que corre unido permanece unido

O clima de romance também esteve forte na atmosfera da Meia das Cataratas. Vários casais celebraram o amor no energizante percurso do Parque Nacional do Iguaçu. Muitos deles cruzaram a linha de chegada com as mãos dadas.

Haylla Midon e Rodolfo Midon vieram de Maringá (PR) para participar da prova pela primeira vez após rodarem o Brasil e até figurarem em competições fora do país. A aprovação se deu em forma de elogios: “Fantástico! A organização está de parabéns, e é a melhor infraestrutura que já vimos”, frisou Rodolfo. “Sem contar no visual das Cataratas do Iguaçu, que passam uma energia absurda”, entaleceu Haylla.

Elaine Cassia de Almeida e Clóvis Adair Carvalho, de Curitiba (PR), foram outro casal presente na prova. Ela já havia participado de duas edições da Meia das Cataratas e desta vez conseguiu trazer o marido para competir. “Eu que fui a incentivadora dele”, contou Elaine. E Clóvis aprovou: “É encantador. Foz do Iguaçu é uma cidade muito linda”.

Depois de participar de duas edições, Elaine Cassia de Almeida desta vez conseguiu trazer o marido, Clóvis Adair Carvalho. O casal é de Curitiba (PR). Foto: Marcos Labanca

Uma multidão de gente

Nada mais do que 24 estados brasileiros, além do Distrito Federal, estiveram representados na Meia das Cataratas. Pela terceira vez, o mineiro Roberto Costa, de Belo Horizonte (MG), participou da prova e trouxe mais sete conterrâneos. “Trouxe dois novatos para conhecerem a prova, que considero sensacional. É realmente um patrimônio da humanidade”, destacou.

Representantes de outros países também participaram do evento esportivo. Rebecca Nuñes veio de Fernando De La Mora (Paraguai), ao lado de mais de 35 integrantes da equipe Running Club, para Foz. E já na segunda vez em que participou ela fez bonito e ficou com a quinta colocação na prova de 21km. “Uma prova difícil, mas com uma paisagem maravilhosa”, definiu.

Rebecca Nuñes veio de Fernando De La Mora (Paraguai), ao lado de mais de 35 integrantes da equipe Running Club. Ela ficou com a quinta colocação na categoria 21 km. Foto: Marcos Labanca

Programa para a família e muito bom humor

Além dos quatro mil participantes, o Parque Nacional do Iguaçu ficou cheio de familiares e amigos daqueles que participaram da Meia das Cataratas. Eles aproveitaram o domingo de sol para prestigiar a prova e passar aquela energia positiva aos inscritos. Fábio de Almeida Welter, de São Miguel do Iguaçu (PR), correu os 21km e foi recepcionado pela família, que o aguardava próximo da linha de chegada. “Foi muito desafiador. Muitas subidas e descidas, mas o ambiente é muito bacana”, contou.

Ao longo de toda a manhã, o clima da corrida foi de muita animação. Alguns atletas até capricharam no figurino, como o morador de Foz do Iguaçu (PR) Raimundo Ramos dos Santos. Figura carimbada de outras edições da prova, ele estava caracterizado de palhaço “Falariso”. Mais do que contagiar todos com o seu bom humor, mesmo maquiado e com roupas “não muito ideais”, ele fechou os 21km com o tempo de 2h42min02s.

Fábio de Almeida Welter, de São Miguel do Iguaçu (PR), participou da prova de 21km e foi recepcionado pela família, que o aguardava do lado de fora. Foto: Marcos Labanca