Encontro reúne trilheiros dos 10 anos do projeto
Como o Trilha Jovem tem mudado a vida de adolescentes no mercado de trabalho e motivado a independência deles Gabriel sente gratidão. Jéssica conquistou um emprego e transborda empatia. Luana revela-se membro de uma nova família. Juntos, compõem um universo de 1.350 jovens integrantes do projeto Trilha Jovem ao longo de dez anos. Parte desses jovens […]
Como o Trilha Jovem tem mudado a vida de adolescentes no mercado de trabalho e motivado a independência deles
Gabriel sente gratidão. Jéssica conquistou um emprego e transborda empatia. Luana revela-se membro de uma nova família. Juntos, compõem um universo de 1.350 jovens integrantes do projeto Trilha Jovem ao longo de dez anos.
Parte desses jovens encheu o Cineteatro dos Barrageiros, no Parque Tecnológico Itaipu, com suas próprias histórias de vitória e superação, no último sábado. A ideia de uni-los num só espaço veio com a celebração de aniversário do projeto e teve como principal meta saber mais sobre o futuro desses jovens.
“Nosso grande desejo era de realizar uma pesquisa socioeconômica para conhecermos quais foram os caminhos escolhidos por esses integrantes, após um, dois, dez anos”, disse a coordenadora do projeto e diretora do Instituto Polo Iguassu, Fernanda Fedrigo.
As ações do Trilha Jovem iniciaram em 2006, e todos os anos o projeto reúne uma média de 120 a 180 jovens na formação em áreas de comércio, programação de computadores e turismo, com duração de quatro meses. “Deixamos de atuar somente dois anos, mas no restante ofertamos sempre que possível as vagas especialmente a jovens de 16 a 24 anos com renda familiar de até três salários mínimos.”
A ideia inicial tratava de ampliar oportunidades de emprego para esses jovens. “A gente contou com uma receptividade incrível de muitos empresários da cidade e depois podíamos acompanhar o andamento por três meses”, informou Fernanda.
A partir daí, cada adolescente pôde traçar metas não somente dentro das áreas de especialidade ofertadas, mas para a vida. O projeto acabou alçando status de ativador de talentos, e histórias sobre conquistas e superação foram divididas ao longo da confraternização no sábado.
No encontro, a coordenação dividiu os ex-trilheiros em grupos por ano e fez uma pesquisa mais detalhada sobre o futuro de cada um. O acompanhamento previsto no projeto é de três meses, mas com o resultado das informações coletadas agora será possível montar um plano de dados.
“Queremos ter esse acompanhamento e saber como estão todos; queremos mensurar esse impacto social”, comentou a coordenadora. O único dado concreto é da quantidade de ex-participantes acolhidos pelo mercado. “Sabemos que 40% a 60% deles conseguem uma vaga no mercado de trabalho, e outros acabam sendo motivados a seguir estudando numa universidade.”
O início da pesquisa para conhecer a realidade de trilheiros e ex-trilheiros ganha continuidade nos próximos dias, e os resultados serão divulgados pela coordenação.
Vidas – A história de Jéssica Aparecida Soares, 27, trata exatamente disto: determinação. Da turma de 2008, ela ingressou no grupo como a maioria, sem muitos objetivos definidos. “Eu era moradora da área rural e tive que mudar para o centro durante a duração do curso, porque não ia conseguir finalizar”, contou. O esforço valeu a pena. Focada, Jéssica iniciou uma busca pessoal por resultados, mesmo não visando à área escolhida no Trilha.
Hoje servidora pública, advogada e professora, ela transmite o sentimento guardado pela maioria dos ex-trilheiros. “Eu acho que cada pessoa guarda dentro de si uma capacidade de conquistar o que deseja, mas se a gente não vislumbra isso. O Trilha me ajudou a enxergar o mundo, e hoje tenho vontade de devolver para o mundo o que recebi dele em forma de conhecimento.”
Bruno Ortega, 28, foi aluno da primeira turma e seu principal aprendizado também foi o despertar. “Quando a gente é muito jovem, acaba ficando confuso com o futuro. Minha família nunca teve oportunidade de pagar cursos de inglês ou informática, então busquei outra alternativa e encontrei o Trilha Jovem.” Para assistir às aulas, acordava muito cedo e pegava três ônibus até chegar ao PTI.
Após a conclusão dos estudos, alçou novos voos com olhos voltados à tecnologia e informação. A convivência em grupo ensinou lições valiosas, além da superação de um antigo medo. “Eu era muito tímido. Hoje me sinto mais pró-ativo, determinado. Minha maior lição foi o aprendizado e que a gente nunca faz nada sozinho”, destacou o ex-trilheiro, hoje acadêmico de Tecnologia da Informação.
Entre os mais novos, o clima de saudosismo deu lugar a declarações abertas de pura alegria. Luana da Silva Camargo, 18, integrou a turma de 2017 e já tem muitas histórias para contar. “O Trilha foi mais importante na minha vida pessoal que profissional. Em várias situações difíceis, eles estiveram ali. Construí uma família nesse tempo que estive nas aulas.”
A superação de Luana teve a ver com seu gênio forte e o desenvolvimento da capacidade de se ver no outro. Num exercício contínuo de empatia, devido à convivência em grupo, pôde reconhecer em si uma nova capacidade. “O Trilha foi meu divisor de águas. Sou uma pessoa antes e outra depois.” Luana trabalha como estagiária na Cataratas S/A e cursa Turismo na Unioeste.