A APP-Sindicato/Foz realiza mobilização nesta quarta-feira, 5, contra a reformulação do ensino médio proposta pelo Governo Federal e apresentada por meio da Medida Provisória 476/2016. Estão previstos debates nas escolas da região durante os três períodos de aula, panfletagem e diálogo com a comunidade, no TTU (Terminal de Transporte Urbano), na região central de Foz do Iguaçu, a partir das 18:30 horas.

Os educadores e entidades ligadas à escola pública são contra o conteúdo do projeto e a forma autoritária como a medida foi elaborada, sem debate com quem o tema interessa diretamente, que são os profissionais da educação, estudantes e suas famílias. A reforma do ensino médio proposta pelo governo está ligada a interesses do mercado e, se for aprovada, representará o desmonte do ensino público por meio da privatização e da terceirização.

O projeto acabará com várias disciplinas, autorizará a atividade docente para pessoas sem formação e dificultará o acesso dos alunos das escolas públicas à universidade. A reformulação do ensino médio resultará também na precarização da formação dos estudantes, devido à opção por um currículo que enfatiza o mercado de trabalho. Sem acesso a um conjunto de conhecimentos universais, a grande parte da juventude se tornará mão de obra barata e desqualificada.

“Não se promove melhorias nas educação de forma impositiva, sem amplo debate, sem o envolvimento dos setores da sociedade brasileira que historicamente atuam em defesa da escola pública”, enfatiza Fabiano Severino, presidente da APP-Sindicato/Foz. “O governo não permite a discussão para tentar impor o seu modelo de escola que é voltado para a geração de mão de obra barata, sem formação humana e sem reflexão”, complementa.

Reforma para piorar a educação

A secretária de Formação da APP-Sindicato/Foz, Cátia Castro, explica que a medida provisória não afeta apenas o ensino médio, mas todo o sistema de educação do país, abrangendo o ensino superior e o financiamento da educação de níveis básico e fundamental. “Trata-se de uma reforma de toda a educação brasileira, uma mudança para pior. A medida representa a destruição do pouco que já conquistamos em torno das políticas educacionais”, reflete.

Castro aponta que a função do ensino médio determinada na LDB é o de fornecer aos estudantes um conjunto de conhecimentos universais para a sua formação cidadã e seu desenvolvimento humano. A pedagoga entende que o currículo não o principal problema da escola, como diz o governo. “O que desestimula o aluno do ensino médio é precariedade causada pela ausência de investimentos, pois faltam professores e funcionários, muitos prédios são deteriorados, há falta de equipamentos e materiais, a merenda não é de boa qualidade e não há gestão democrática” conclui.

Veja como esta reformulação do ensino médio poderá afetar os estudantes:

 – Disciplinas de Espanhol, Arte, Educação Física, Sociologia e Filosofia deixam de ser obrigatórias.

– Pessoas que não têm formação para ensinar poderão trabalhar como professores.

– Será negado o acesso a conhecimentos necessários para uma formação integral, o que dificultará o ingresso na universidade.

– Estudantes terão que fazer, obrigatoriamente, a escolha de vida acadêmica na metade do ensino médio, isto é, com 15 ou 16 anos.

– Privatização e terceirização das escolas

– Precarização na formação dos/as estudantes, que levará a tornarem-se mão de obra desqualificada e barata.

– Essas mudanças foram feitas sem ouvir quem está na escola ou é responsável por quem está na escola.

 Greve da educação

O Conselho Regional da APP-Sindicato/Foz reuniu-se na segunda-feira, 3, e reiterou a necessidade de deflagração de greve nas escolas da rede estadual, devido ao projeto do governador Beto Richa (PSDB) para suspender a reposição dos servidores estaduais. A paralisação mediante qualquer proposta de retirada de direitos da categoria foi aprovada na Assembleia Estadual, realizada no dia 17 de setembro, em Curitiba.

A decisão do Conselho Regional dos educadores será apresentada às instâncias estaduais do sindicato. A deliberação também inclui a convocação imediata da base de servidores, conforme estabelece a Assembleia Permanente, instalada desde setembro e que permite a reunião da categoria em até 24 horas para definir sobre as mobilizações.

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